17 janeiro 2007

Close

Uma vez lido o nome do trabalho “Close” abre-se a possibilidade a duas leituras (na língua inglesa): Fechar/ Perto. No decurso de preparação do meu trabalho diário enquanto artista, deparo-me constantemente com esta palavra que nos conduz ao fechamento de uma janela (Window), vulgarmente descrita em qualquer um dos programas utilizados num PC. O acto de fechar pode manifestar-se sobre diversas variantes, no entanto, na nossa vida quotidiana, ao fecharmos uma janela fazemo-lo, em princípio, com o objectivo de garantir alguma privacidade e conforto. N’O Apêndice o desafio era maior. Tinha de me confrontar com o trabalho do Max Fernandes, um confronto conceptual e formal onde um invadia o espaço do outro [obrigatoriamente]. Assim sendo, a opção de fechar quase totalmente o espaço de exposição surge como uma possibilidade de afastar o observador do interior, reforçada pelo estore que normalmente nos protege do olhar alheio – confronto ideológico entre Close [Perto]. Esse duplo significado da palavra unifica-se no objectivo: o observador pode estar perto mas está impossibilitado de entrar no espaço, uma diferente interpretação do conceito proxémico explorado pelo antropólogo Edward T. Hall. Essa quase impossibilidade de visualizar o interior d’ O Apêndice é quebrada pela única abertura colocada de forma estratégica que obriga o observador a percorrer todo o perímetro na expectativa de encontrar uma “falha” que permite a invasão.

Luís Ribeiro

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