22 março 2007
superstition
imagens da exposiçao 'superstition' de damien hirst, a inaugurar o novo espaço da gagosian gallery em los angeles (peço desculpa pela presença de 'extras' nas fotografias).
nunca fui muito adepto do trabalho deste artista, e nao posso dizer que esta mostra tenha mudado o meu ponto de vista. é como ver um filme do tim burton: estao presentes uma série de elementos de imaginário com os quais aparentemente me identifico com facilidade, mas depois há um processo de plastificaçao ligado ao trabalho em si que nao me seduz, e que de alguma forma vai sabotar uma visao subversiva inscrita na linguagem do realizador.
quanto a hirst, e a estas obras em concreto, os pontos de partida sao muito claros, o que possibilita uma proximidade efectiva com quem quer que seja que entre na galeria para ver os enormes trabalhos (uma escala industrial, meticulosa, tudo muito bem produzido; a atençao ao que é presentemente valorizado é assombrosa). aludir à transitoriedade, à magnificiência (o periodo gótico, a espiritualidade, a luz), ao crepúsculo de uma época ou de uma existência e as formas de lidar com os medos que desperta, enfim, ligar estes trabalhos à transcendência e práctica de uma arte que se afirma no seu prórpio território mas que pelo seu mecanismo espectacular de produçao ou apresentaçao se inscreve no palco do mundo é ainda a motivaçao deste artista.
para mim, este tipo de produçao de beleza/verdade nao funciona. a exploraçao da nostalgia ocidental é menorizada, paradoxalmente, porque tudo é mutio bem feito e 'asséptico' (pintar as paredes de preto nao acresenta mais densidade aos trabalhos). momentos belos, mas nao perigosos, que definitivamente encerram o espectador no seu papel enquanto ditador, alicerçado por uma práctica teórica secular: a regra aqui é contemplar, fazendo cumprir a ideia de que a arte é um àparte que serve para ir descobrindo (ou nao) sintomas 'transcendentes'.
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5 comentários:
"momentos belos mas não perigosos..."
(previsíveis, fechados, "unilaterais"...???)
pois, às vezes a retórica atrapalha... acho que um sentido mais claro para a forma como recebi estes trabalhos é entende-los como manifestaçoes agradáveis mas que nem causam duvidas ou interrogaçoes, nem se chegam a afirmar como veiculo para um patamar de afirmaçao completamente estético (isto é belo, afirma-se enquanto tal e nao depende de mais nada); portanto, pouco mais sobra do que o previsivel e fechado que indicaste.
[pois...
acho que entendo.]
olha, desculpa o excesso de palavras, deve ser por causa das 'traduçoes' que agora fazem parte de mim, criam muitas palavras e depois é preciso ver-me livre delas... de qualquer forma, acho que a ideia lá acabou por passar...
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