01 novembro 2007

Que opinião tem sobre o actual panorama artístico da cidade (Porto), no domínio da arte contemporânea?
e
O que poderá mudar no futuro?
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De um modo geral, parece-me que a cidade tem vindo a perder dinâmica cultural. Acumulam-se dificuldades, fruto da política cultural da actual presidência.
No caso da arte contemporânea, ressalvando a Fundação de Serralves, as ofertas ao nível institucional, público ou privado não é satisfatória, as existentes funcionam como pólos da casa mãe, ou mantém uma programação quase de manutenção. O panorama é algo banal. A ausência de oportunidades expositivas após a formação artística e de estruturas que acolham e sustentem com alguma solidez, projectos de especificidades não comerciais, ainda é considerável. Após 2001, foram aparecendo pontualmente, algumas possibilidades que, apesar de não preencherem, nem de longe a lacuna - a abertura de novos espaços, por parte de galeristas com formação artística e a trabalharem preferencialmente com artistas jovens, ou a organização de exposições em torno das características de uma determinada instituição, geralmente nas suas próprias instalações - são por vezes uma brecha.
As situações mais estimulantes no esforço por colmatar falhas tem vindo da parte dos artistas, com exposições pontuais e na dinamização de vários espaços com mais ou menos condições de trabalho e geralmente sem apoios. Sem esta desenvoltura, o futuro não se espera com mudanças. Durante a última década, esse esforço proporcionou situações únicas de experimentação e apresentação. Contudo, a dinâmica destes artist-run spaces tem vindo a decrescer e a interessar apenas a algum público mais especializado. Neste momento, e não contando com os espaços que têm como actividade principal o bar nocturno, apenas dois mantêm a programação regular, um deles até Dezembro, um outro é usado pontualmente e dois encontram-se temporariamente fechados. Parece-me um ínico de ressaca sobre os últimos anos, talvez um momento de pausa, de construção passiva indispensável à acção, mas também sintomático de uma dispersão.

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3 comentários:

isabel ribeiro disse...

a publicar na edição nº 3 da revista Artes e Leilões (Dezembro)

Manuel Santos Maia disse...

boa!!!

Anónimo disse...

Prefiro ler quando sair na Revista, lê-se com mais atenção. É esperar mais 15 dias.
Beijos