pois, ainda não é o prometido post sobre a exposição do sr. Barney (ainda não tive tempo de ver o filme...), mas uma chamada de atenção para o trabalho de Alfredo Jaar, artista chileno a residir em Nova Iorque e cujas intervenções publicas são reveladoras de uma atenção ao que se passa efectivamente no mundo real - longe do faz de conta que sedimenta uma grande fatia da arte actualmente produzida, perto de uma arte empenhada no seu principio, mas terrivelmente consciente dos seus limites e resultados. estou ainda mais entusiasmado porque eu e mais 11 sortudos somos alunos do sr. Jaar neste semestre, e temos a sorte de o poder ouvir dizer "vocês vão falhar, faz parte do processo". para quem puder ver, há uma exposição de trabalhos seus recém-inaugurada em Madrid.
a imagem acima é de um projecto de 2000 na cidade de Skoghall, nesse paraíso social que é a Suécia. o que se vê é o centro de arte contemporânea a arder.
proposto por Jaar à cidade, a convite desta, este centro quase totalmente construído em papel foi inaugurado com uma exposição, bastante banal, de trabalhos (também eles feitos sobre papel) de jovens artistas suecos, e no dia seguinte, como previamente definido, foi incendiado.
era esse o acordo com uma cidade que durante os seus 30 anos de existência - existência essa apenas justificada pela implementação de um gigante da industria papeleira no local, ou seja, a fabrica financiou todas as casas, escolas, centros de saúde e demais infra-estruturas de Skogall- nunca achou necessário ter um local onde se exibisse arte. (consigo pensar em tantas pessoas tão ideologicamente distintas que, com pouca surpresa, estariam de acordo...)
assim, e com recurso a um "ogre capitalista" que custeou todo o projecto (mas que não foi autorizado pelo artista a utilizar as imagens a ele associadas...), Alfredo Jaar mostrou à cidade uma possibilidade. não a impôs. fez aparecer e desaparecer algo, não legislou nem regulou.
Alfredo Jaar dedicou este trabalho a uma artista plástica local, que nunca teve um sitio onde mostrar o seu trabalho. eu dedico este post a quem duvida do poder da arte - mesmo que errado, do seu papel social - mesmo que temporário, da eficácia do seu discurso - mesmo quando é mínima, é do seu pensamento critico - mesmo nos dias de hoje e no meio de tanta fraude.
3 comentários:
Conhecia alguns trabalhos dele.
O que te deixo não é o que mais gosto mas é tão diferente do que mostras que achei que podias achar graça.
(Entretanto a Tate está a apostar na América Latina...)
Entretanto o link fugiu para outra frase...mas vais parar ao que eu queria.
Deve ter sido o Jaar a alterar a percepção que temos das coisas.
Com que então homem do lixo...
small wold.
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