Depois de Viseu (Fim-de-semana em que inauguramos a exposição Antimonumentos, e a DOCE e TERNA LUISA CUNHA inaugurou na Culturgest) logo na segunda-feira, mal abriu a exposição fui ver, ouvir e ver o trabalho de Luísa Cunha
é um trabalho muito singular em Portugal é único e no panorama artístico em geral, é no mínimo particular
o uso da palavra e do texto é feito com mestria a composição da peça sonora, o tempo das palavras, o tempo de dizer e ouvir as palavras, o tempo da revelação das imagens sugeridas pelas palavras,
a condição a que estas remetem ou transportam o ouvinte-observador, a condição em que este se encontra depois de(com)viver (com) a obra, a densidade psicológica do trabalho envolve e altera o estado psicológico do ouvinte-observador
entrar no edifício da Culturgest (e reencontra-lo novamente sem qualquer modificação ou interferência visual e arquitectónica, … ou melhor, reencontrar o edifício da Culturgest) e neste espaço ouvir: do I have to do what I have to do do what you have to do What is it that you do … a densidade está nas reflexivas palavras e texto que visto, lido no folheto surge envolto de... ou aparente simplicidade mas ouvido-vivido ...
somos atraído para o centro do espaço concentrados nas palavras, o nosso olhar paira, vagueia pelo vazio e hiper caracterizado espaço da Culturgest que no passado foi um banco
no cave, no interior do cofre, num espaço que tende para neutralidade, uma voz enaltece a nossa beleza, o olhar vem de uma voz e recai sobre nós, aí somos o centro centra-(mo)-nos
as duas peças aparentemente simples oferecem-nos duas experiências, vivências e imagens diferentes e complexas
para quem tiver dúvidas, basta estar atento ao seu próprio comportamento (no espaço) e ver que num dos espaços nunca é o centro, (pois este é ocupado pelo dispositivo sonoro) embora seja atraído para o centro
e no espaço mais interior, inferior relativamente ao primeiro, e mais protegido e seguro, mas também o mais limpo e menos caracterizado, ocupa o centro, é o centro,
quem conhece e gosta de Samuel Beckett irá convocar essa paixão nesta exposição ficam aqui algumas palavras deste SENHOR no espaço da Sombra dedicado a esta SENHORA
"Dizer um corpo. Onde nenhum. Mente nenhuma. Onde nenhuma. Ao menos isso. Um lugar. Onde nenhum. Estar lá dentro. Mover-se lá dentro. E sair. E voltar lá para dentro. Não. Sair nenhum. Voltar nenhum. Só entrar. Ficar lá dentro. Em diante lá dentro. Parado.”
1 comentário:
Olá!!!
Já vi, já vi…
já vi as duas exposições
Depois de Viseu
(Fim-de-semana em que inauguramos a exposição Antimonumentos,
e a DOCE e TERNA LUISA CUNHA inaugurou na Culturgest)
logo na segunda-feira, mal abriu a exposição
fui ver, ouvir e ver
o trabalho de Luísa Cunha
é um trabalho muito singular
em Portugal é único
e no panorama artístico em geral,
é no mínimo particular
o uso da palavra e do texto é feito com mestria
a composição da peça sonora,
o tempo das palavras,
o tempo de dizer e ouvir as palavras,
o tempo da revelação das imagens sugeridas pelas palavras,
a condição a que estas remetem ou transportam o ouvinte-observador,
a condição em que este se encontra depois de(com)viver (com) a obra,
a densidade psicológica do trabalho envolve e altera o estado psicológico do ouvinte-observador
entrar no edifício da Culturgest
(e reencontra-lo novamente sem qualquer modificação ou interferência visual e arquitectónica, … ou melhor, reencontrar o edifício da Culturgest)
e neste espaço
ouvir:
do I have to do what
I have to do
do what you have to do
What is it that you do
…
a densidade está nas reflexivas palavras e texto
que visto, lido no folheto surge envolto de... ou aparente simplicidade
mas ouvido-vivido ...
somos atraído para o centro do espaço
concentrados nas palavras,
o nosso olhar paira, vagueia pelo vazio e hiper caracterizado espaço da Culturgest que no passado foi um banco
no cave, no interior do cofre,
num espaço que tende para neutralidade,
uma voz enaltece a nossa beleza,
o olhar vem de uma voz e recai sobre nós,
aí somos o centro
centra-(mo)-nos
as duas peças
aparentemente simples
oferecem-nos duas experiências, vivências e imagens diferentes e complexas
para quem tiver dúvidas,
basta estar atento ao seu próprio comportamento (no espaço)
e ver que num dos espaços
nunca é o centro, (pois este é ocupado pelo dispositivo sonoro)
embora seja atraído para o centro
e no espaço mais interior,
inferior relativamente ao primeiro, e mais protegido e seguro,
mas também o mais limpo e menos caracterizado,
ocupa o centro,
é o centro,
quem conhece e gosta de Samuel Beckett irá convocar essa paixão nesta exposição
ficam aqui algumas palavras deste SENHOR no espaço da Sombra dedicado a esta SENHORA
"Dizer um corpo. Onde nenhum. Mente nenhuma. Onde nenhuma. Ao menos isso. Um lugar. Onde nenhum. Estar lá dentro. Mover-se lá dentro. E sair. E voltar lá para dentro. Não. Sair nenhum. Voltar nenhum. Só entrar. Ficar lá dentro. Em diante lá dentro. Parado.”
até já
maia
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