26 fevereiro 2008

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[kri :s]
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Galeria Fernando Santos (espaço 531)
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[kri :s]

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Um máximo de matéria para um mínimo de extensão. É assim que surgem as pregas, sobre um tecido, mas também, e metaforicamente, na superfície em que se inscreve a nossa experiência do mundo. Longe de poder ser alisada, transforma-se numa complexa estrutura onde a informação, os resíduos e impurezas se vão acumulando.
[kri :s] é a tradução fonética da palavra de origem anglo-saxónica crease, que em português significa dobra, engelha ou prega. Mais do que um intermediário, esta representação de crease, revela-se a essência da palavra, na medida em que simultaneamente nos indica como deve ser pronunciada e como pode ser entendida, activando assim o seu significado.
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Há que sublinhar o facto de crease e crise serem palavras homófonas, ainda que com significados distintos na linguagem corrente, neste contexto, esta coincidência tende a ser mais do que fonética. Prega remete para algo que necessita de ser explicado, desdobrado, num processo de aproximação à verdade, que não está simplesmente escondida atrás de um véu, mas que é resultado do desdobrar, desenvolver de algo que está comprimido, enovelado.
É num terreno acidentado que os trabalhos aqui apresentados se situam, denunciando a implicação de um corpo, cuja presença nos é revelada apenas por indícios ou retratos incompletos, traços imprecisos e ambíguos. Fala-se de um corpo ausente, indiferente, de um corpo plano, de um fantasma.

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