18 junho 2009

sexta, 19 de junho, porto

joão marçal
abstract


A exposição “Abstract” que estará patente na galeria MCO a partir de 19 de Junho, apresenta uma série de pinturas a acrílico sobre tela, todas elas de formato panorâmico. O título da exposição “Abstract”, pretende jogar com o duplo sentindo que esta palavra pode ter na língua inglesa. Se por um lado, a ideia de “abstracto” no contexto da arte é importante para definir e identificar estas pinturas, por outro, a leitura de “abstract” como sumário, ou resumo de algo com mais desenvolvimento ou complexidade, é igualmente necessária para o conceito desta exposição. 

Estes quadros, na sua aparência, estabelecem uma estreita afinidade com os parâmetros do formalismo abstracto americano dos anos 60, do mesmo modo que se podem estender a uma série de problemas de ordem económica e social, em particular do contexto português actual. As faixas de cor sólida que percorrem todas as paredes da galeria, partilham a sua autonomia enquanto formas (figuras) da pintura, com uma ténue sugestão de representação figurativa, uma espécie de significado subliminar. De certo modo, torna-se quase impossível não associar estes longos rectângulos horizontais, a uma paisagem urbana que faz parte do quotidiano do mais comum dos cidadãos portugueses. Esta instalação (e também cada peça em particular) tem também por isso um carácter de site-espefic, uma vez que o reconhecimento dos vários níveis do trabalho pressupõe uma memória colectiva, uma familiaridade com certas formas e combinações de cores que, neste caso,  marcam a sua presença nas fachadas de agências bancárias e nos mais comuns transportes públicos do território português. 

Resumindo, o múltiplo sentido de “abstract”  sublinha toda a ambivalência que define a génese deste trabalho. Apesar de uma forte ligação aos ícones da pintura abstracta formalista, neste caso específico às obras panorâmicas do americano Keneth Noland, aqui pretende-se contrariar o mito de uma abstracção totalmente autónoma e pura, alheada de todo um contexto exterior, indiferente a qualquer interpretação. Nestas obras, a abstracção não é sinónimo de destruição de toda a significação, estas formas pretendem-se prenhes de significados que se devem desdobrar infinitamente, sempre indissociáveis da subjectividade das interpretações, das experiências individuais. A instalação “Abstract” apresenta-nos um jogo de tensões entre autonomia e interdependência; estas pinturas não são objectos estáticos e contemplativos, pois dão privilégio a uma relação activa com o espaço e tempo, relação esta que estende ao exterior da galeria e  à experiência do quotidiano, estão até abertas a possíveis narrativas.

Ao apropriar-se de um universo formal oriundo dos placards luminosos dos mais democráticos bancos portugueses ou do exterior de transportes públicos como o metro, o comboio e o autocarro; Abstract” age de modo subliminar como uma síntese de acções, deslocações, problemas financeiros pessoais ou crises económicas generalizadas; é uma abstracção sempre à mercê das mais diversas contingências. 

João Marçal


Esta exposição pode ser visitada até 22 julho, de 2ª feira a Sábado das 14h às 19h, também por marcação. mco arte contemporânearua duque de palmela 143, porto.




22h30 - a sala
pedro & diana 
desarrumação

o globo tropeça no tambor e quer dormir na nossa cama
não há sítio onde pôr os pés - como é que se toma posição?
o copo está em risco de se partir
bebe-se come-se mas quem é que lava a loiça?
que preguiça de arrumar o quarto
em que gaveta é que puseste as lutas?

a sala, rua do bonjardim 225, 2º, porto.




fica igualmente o aviso: 
na terça feira 23, a celebrar o arranque para a noite de s. joão, inaugura OSSO OCCO, proposta dos CALHAU! integrada na programação do espaço Uma certa falta de Coerência. decididamente, a não perder! mais detalhes em breve.


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