Em relação ao artigo "A informalidade como Alternativa" de José Roseira editado a 7/6/2006, onde pretende criar uma trama mal-fundamentada em volta do circuito dos espaços independentes na cidade do Porto, com outras pequenas tramas de fórum privado, é lamentável! O seu ataque afasta-se do pensamento, é emotivo e ingénuo onde é evidente a intenção de um protagonismo da sua parte, tenta roer e destruir todo um conjunto de energias que tem havido na 2º capital do país sendo o único espaço geográfico que conhece, mais grave ainda é a sua limitação temporal que recua até à abertura do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, ele não conhecia a Fundação de Serralves!? Tudo existe só a partir do momento que o José Roseira começou a pensar em ser crítico de arte e a deslocar-se no autocarro 35 (circuito por: Faculdade de Belas-Artes do Porto, Rua Miguel Bombarda e Museu de Serralves).
José Roseira não vê mais longe do que a ponta do nariz, do limite do seu corpo criando uma realidade que é a sua. A sua falta de curiosidade é grave, nunca o vi ter a iniciativa de querer conhecer, ficando no papel de sujeito passivo e o mais curioso é da sua participação, num passado recente, como artista em alguns dos espaços independentes nacidade do Porto.
Todo o seu artigo é tão carente de estudo, insinuador, mal-educado, moralista e naif onde não existe manifestação possível do seu desejo que está sob pressão de outros pequenos seus desejos/interesses, é tão obscuro que torna-se impossível de responder frase a frase, desarma qualquer um!
O texto do José Roseira tem uma ideia de "Amor Perdido" de estilo passional, percebi que a sua tentativa de aproximação ao estilo do Augusto M. Seabra, só que foi um entusiasmo falhado. Mais uns anos de preparação e desejo-lhe toda a sorte do mundo!
Havendo mais textos escritos em resposta ao artigo do José Roseira como o da Isabel Ribeiro, Renato Ferrão, um colectivo, Susana Chiocca entre outros que irão aparecer, vou tentar não repetir-me em pontos que já foram referenciados por estas pessoas que estão bastante explicativos. Quero falar sobre esta suspeita em relação aos espaços independentes e questionar qual é a razão para que o crítico de Arte cada vez menos goste de artes plásticas (das imagens)? Recentemente saiu um pequeno artigo (n/assinado ) "Chiocca no Apêndice" no Local(Norte) do Jornal Público no dia 30/05 num ponto em que se refere à extinção da Caldeira 213 e ao Salão Olímpico dizendo "...agora recuperados pelas galerias e instituições não só da cidade, como também na capital ou de outras localidades, como Guimarães e Coimbra, para onde se anunciam exposições dedicadas a fenómenos com características locais e de difícil sobrevivência fora do contexto original". Em primeiro lugar questiono se a importância destes espaços independentes é de se situarem em locais onde o odor de urina é permanente, de se situarem em espaços com um formato mais caseiro (casas privadas), em caves e todas as outras características necessárias para preencher um desejo romântico de quem procura o underground e um revivalismo das vanguardas artísticas dos anos 60/70! Ou seja o que se apresentou e se apresenta nestes espaços é secundário?! É irrelevante? Que tipo de esquizofrenia e paranóia se anda a criar em redor aos espaços independentes/paralelos e ao circuito do poder económico (Galerias, Museus...)? Que somos uns anarquistas (onde é que se foi buscar esta ideia) que entraram no sistema?! Só a nossa morte de óbito precoce, antes de entrarmos dentro do chamado "circuito" é quenos pode salvar em respeito à seriedade do nosso trabalho?! Eu percebo que exista uma falência e uma confusão de ideias que se caía em paralelismos entre o "puro" e o "medo" sobre os perigos que estão ligados a oportunidades criados pelo poder económico que governa, e de que forma este poderá moldar a forma de agir. A tendência desta avaliação recaí normalmente sobre os artistas que estão na base de uma pirâmide hierárquica (esquecendo-se do resto da pirâmide) sendo o alvo mais fácil pela sua fragilidade dentro do universo dos poderes, mas temos o poder de continuarmos a apresentar trabalho nos tais espaços frágeis "de difícil sobrevivência" podendo continuar a apresentar trabalho com resistência = difícil sobrevivência.
Quem está mais por dentro do sistema sabe perfeitamente que não é por estar numa Galeria ou a um outro tipo de organismo que a nossa vida mudou, que é a altura de repousar, pouco ou nada mudou, continua-se a procurar meios para apresentar trabalho e não é de forma alguma um "capricho burguês"!
Outro ponto que queria reforçar em relação a essa ideia de "estar fora/estar dentro" não é por apresentar trabalho ou haver uma dita programação num espaço independente o torna mais ou menos interessante no seu conteúdo em relação a qualquer estrutura com condições mais próxima a uma realidade de meios de produção. Não é pela ausência ou pela presença do dinheiro que tira a seriedade do trabalho. Falando por mim e pelos os que conheço trabalha-se endividado e fica-se falido.Para acabar gostava de falar sobre a importância destes espaços é muito simples resume-se a apresentar trabalho e ao encontro = energia! Para mim tem sido muito importante estar presente nestes espaços, ver trabalhos apresentados de autores que só desta forma foi possível conhecer, onde estes espaços têm sido a via principal de apresentação do seu trabalho criando um trajecto (fora do atelier). Só não vê quem não quer. A tradição de espaços e de projectos independentes; alternativos; paralelos, etc... não é assídua em Portugal ao contrário de outros países onde há uma normalidade na existência destes espaços. Em Portugal como não existe a abundância, aparecem espaçadamente no tempo, fazendo cair em esquecimento, há uma desconfiança nebulosa e este fenómeno criando-se as tais confusões "de estar-fora /dentro" e se deixarem seduzir...Um Museu de Arte Contemporânea é diferente de outro Museu na sua programação! Que não se compara à forma de agir de uma galeria (que têm estratégias diferentes umas das outras) são mecanismos diferentes! Os espaços independentes é outra coisa mas, nem todos têm a mesma forma de existência ! Que apareçam mais espaços independentes, Museus de arte Contemporânea (para visitar e dar trabalho) para acabar-se com estas desconfianças e multiplicar-se as diferenças entre eles.
Tenho visto bons projectos no Porto, em galerias, no Museu de Serralves, espaços independentes e projectos como o "Trama" e o"Brrrrr" e não estamos contentes com isso?! Existe duas opções o Agir =c riação/imaginação/fazer; e o Não-Agir = nada (está livre de suspeita) e é com isto que temos de lidar.
Carla Filipe
Membro fundador do Salão Olímpico
Membro do Projecto Apêndice
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