As possibilidades criativas do indivíduo contemporâneo passam por uma experiência própria resultante do seu lugar político, ou seja das suas escolhas ou selecções.
Esse lugar não é estanque, está em continua transformação, é moldado pelas necessidades e contingências, mas principalmente pela vontade.
Nos últimos anos no Porto, um conjunto de jovens artistas sentiram necessidade de criar espaços informais auto-suficientes, onde possam apresentar e debater as suas inquietações a quem tiver interesse em as pensar.
Estes espaços não vieram ocupar um lugar vazio, eles criaram esse lugar desde a raiz no panorama artístico portuense, ao transformarem a vontade de criar e a necessidade de ver em acção.
Apesar de se terem criado relações com um exterior, o lugar destes artistas não se deslocou para a galeria ou para a instituição, eles continuam a agir nestes espaços, que devido á sua natureza frágil por vezes se extinguem, mas a vontade fá-los renascer noutro lugar, não muito longe.
Nem sempre estas acções desencadeiam outras acções, muitas vezes a resposta é a reacção.
Se por um lado a sedução acaba muitas vezes em desilusão, por outro, valores negativos como o fracasso, o escândalo ou o ressabiamento acabam por funcionar como factores positivos, já que impedem as acções de mergulhar no silêncio ou na monotonia quotidiana.
Nesta teia de relações artísticas (como em qualquer outra – mais contratual ou mais afectiva) a tónica é volátil e há que ter em atenção que “na exposição de certezas o mais certo é mostrar fragilidades”*.
* do texto O imprevisto de Rui Ribeiro para o livro Matéria Instável de Nuno Ramalho.
Isabel Ribeiro
Membro Fundador do Salão Olímpico e Membro do Projecto Apêndice
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