07 junho 2006

Uma opção entre duas ou mais possibilidades


As possibilidades criativas do indivíduo contemporâneo passam por uma experiência própria resultante do seu lugar político, ou seja das suas escolhas ou selecções.
Esse lugar não é estanque, está em continua transformação, é moldado pelas necessidades e contingências, mas principalmente pela vontade.
Nos últimos anos no Porto, um conjunto de jovens artistas sentiram necessidade de criar espaços informais auto-suficientes, onde possam apresentar e debater as suas inquietações a quem tiver interesse em as pensar.
Estes espaços não vieram ocupar um lugar vazio, eles criaram esse lugar desde a raiz no panorama artístico portuense, ao transformarem a vontade de criar e a necessidade de ver em acção.
Apesar de se terem criado relações com um exterior, o lugar destes artistas não se deslocou para a galeria ou para a instituição, eles continuam a agir nestes espaços, que devido á sua natureza frágil por vezes se extinguem, mas a vontade fá-los renascer noutro lugar, não muito longe.
Nem sempre estas acções desencadeiam outras acções, muitas vezes a resposta é a reacção.
Se por um lado a sedução acaba muitas vezes em desilusão, por outro, valores negativos como o fracasso, o escândalo ou o ressabiamento acabam por funcionar como factores positivos, já que impedem as acções de mergulhar no silêncio ou na monotonia quotidiana.
Nesta teia de relações artísticas (como em qualquer outra – mais contratual ou mais afectiva) a tónica é volátil e há que ter em atenção que “na exposição de certezas o mais certo é mostrar fragilidades”*.

* do texto O imprevisto de Rui Ribeiro para o livro Matéria Instável de Nuno Ramalho.

Isabel Ribeiro

Membro Fundador do Salão Olímpico e Membro do Projecto Apêndice



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